sexta-feira, 20 de agosto de 2010

#imagemnação



www.weheartit.com

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

#imagemnação



fonte: www.weheartit.com

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Olá pessoas, resolvi criar um quadro aqui no blog com algumas imagens que eu acho aqui e ali. Não se preocupem, colocarei os créditos. Resolvi nomear fazendo uma junção das palavras imagem e imaginação porque é como eu pretendo usar esse espaço. Coloquei como tag de twitter também fazendo uma homenagem a esse meu mais novo vício que, assim como os outros, passará. Espero que consiga fazer o quadro semanalmente, mas pensarei a respeito. Já que os textos são quinzenais em sua maioria, teoricamente teria mais imagens que textos, o que faria muito mal ao meu TOC de equilíbrio...

Thank you for your time :)

domingo, 1 de agosto de 2010

Diário de Angústias

Ela tava subindo a escada, sem pressa. Agora acreditava quando diziam que estava precisando se exercitar. Depois de dois lances de escada, quase não tinha mais fôlego. Começou a lembrar das vezes que se matriculou na academia e perdia o ânimo no primeiro mês... Droga, aquele prédio sem elevador idiota tinha feito ela se sentir uma pessoa desmotivada e preguiçosa, quanta injustiça, ela fora ali por livre e espontânea vontade.

Bem que ali podia ter um elevador mesmo, tinha mais três lances pela frente.

Ideia absurda essa de ir ali, agora pensava em suor e academia e já nem sabia o que dizer quando chegasse. "Achei que você precisava de ajuda e vim tentar ajudá-la?" Não era algo comum e, provavelmente, a garota nem ia dar importância, o que a deixaria com uma cara de boba no meio daquele prédio sem elevador. Parou pra respirar fundo enquanto alguém passou por ela com um cumprimento, ela respondeu, mas não sem esforço. Definitivamente ideia absurda.

Pra não desistir, e já que estava quase chegando mesmo, tentou lembrar o dia em que teve a tal ideia. Não chovia, nem fazia Sol. Uma amiga do tempo da faculdade resolveu visitá-la. Ela era uma das poucas que ainda mantinha algum contato, lembrava que na época elas nem eram tão próximas, mas depois se tornaram muito amigas. Naquela tarde, sua amiga resolveu levar a filha. A garota era muito calada, tinha entre 12 e 15 anos e um ar de revolta, talvez pela idade, talvez porque não quisesse estar ali. Observando-a entre um diálogo e outro com a amiga, ela percebeu que, além do ar de revolta, a garota parecia inquieta, angustiada. E, como num estalo, aquilo a fez lembrar-se dela mesma.

Era a caçula de três irmãs, a mãe já não tinha paciência pra sentar e conversar sobre os conflitos e inseguranças tão comuns quando se entra em certa fase da vida. As irmãs, coitadas, tinham até mais inseguranças pra compartilhar que ela e não davam a mínima para ninguém além delas próprias. Elas hoje eram estruturalmente felizes: casadas e com filhos. Não tinha ninguém pra conversar, pra ajudá-la a compreender como as coisas funcionavam como não funcionavam ou como deviam funcionar.

Olhar a filha da sua amiga, foi como olhar um espelho de 20 anos atrás. Talvez algo no olhar... Sabia que sua amiga era uma boa mãe. Tecnicamente. Dava casa, comida, estudos, lazer. Sabia também que não dava conselhos, ombro amigo, voz ou vez.

Parou em frente à porta e tocou a campainha, se não tivesse subido aquilo tudo devagar, estaria ofegante agora. Coincidência ou não, foi a garota que abriu a porta. Depois de um sorriso amarelo, a menina resolveu convidá-la a entrar, mas avisou que a mãe não estava.

- Isso pode parecer estranho, mas eu vim aqui falar com você mesmo. – ela tentou parecer o mais natural possível e, de fato, agora se sentia mais segura pra conversar com a outra. Como a menina ficou sem entender e até meio desconfiada, resolveu continuar. Começaria pelo começo. Falou do dia da visita e resolveu ser franca, tendo cuidado pra não se meter na vida da garota.

"Como eu falei, não quero me meter na sua vida e nem estou dizendo que te conheço só porque já tive a sua idade" respirei, porque a gente sempre respira antes de um 'mas' "mas só que teve uma época da minha vida, da qual me recordo bem justamente por ter sido um marco importante, em que parecia que tinha muita coisa na minha cabeça, que eu não aguentava ficar com todos aqueles pensamentos, todos os dias. O tempo todo. Era angustiante e não era o tipo de coisa que eu queria conversar com alguém, não queria que alguém ouvisse e respondesse. Ao mesmo tempo eu queria falar...Daí eu comecei a colocar no papel um dia e a medida que eu escrevia, ia analisando melhor as coisas, como se visse por outro ângulo?"

A garota balançou a cabeça positivamente "Você percebeu certo, eu tava meio presa em mim mesma, mas nunca pensei que escrever ajudasse. Na verdade, sempre pensei nisso de 'diário de angústias' como algo sem propósito. Você falando consigo? Não parece muito útil" e ela deu de ombros. Nossa, ela não percebeu o que acabou de dizer? "É exatamente isso, Lúcia. Conversar com você mesmo. Pelo menos pra mim, escrever além de fazer com que eu observe melhor a situação, às vezes serve pra exorcizar mágoas. Como as pessoas costumam dizer: tira um peso das costas. Por achar que talvez funcione com você, como funcionou pra mim, resolvi trazer isso" Então ela estendeu o caderno de capa marrom pra Lúcia. "Se você achar que é perda de tempo, tudo bem. Mas tente uma vez pra decidir".

Lúcia sorriu, agradeceu por ela se importar, perguntou se ela queria ficar mais, a outra disse que não podia e foi embora.